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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Por que as empresas tendem ao EVA zero?

Um recente estudo da Stern Stewart sobre a geração de valor em empresas de diversos setores confirmou uma interessante característica da realidade econômica: a tendência à média zero do Economic Value Added (EVA). Ao selecionarmos uma amostra de cerca de mil empresas, notamos que determinados setores sustentam um EVA positivo, enquanto outros apresentam EVA negativo. Ou seja, se tirarmos um ‘retrato econômico’ de um grande grupo de empresas, percebemos uma distribuição equilibrada em torno do EVA zero. Por que isso acontece?

O EVA é uma medida de lucro econômico. Reflete a real geração de valor da companhia após considerar o custo de capital, que é uma função do risco das atividades desenvolvidas pela empresa e do montante de capital investido. Ao contrário do lucro contábil, o EVA zero não significa que a companhia “perdeu dinheiro”, mas sim que seu retorno foi adequado para remunerar os acionistas e credores.

Existem várias razões para empresas de um setor econômico apresentar EVA negativo: seu mercado estar em contração, seus produtos estarem sendo substituídos ou mesmo em razão de fatores cíclicos como ocorre, por exemplo, em companhias que dependem de commodities ou em setores que passam por rápida transformação. O EVA negativo não significa necessariamente que a companhia está à beira da falência, mas é um alerta para os sócios de tais empresas repensarem suas estratégias de atuação: o capital investido na companhia não está sendo remunerado a uma taxa mínima que compense o risco envolvido no negócio. Diante dessa situação, cabe à companhia reavaliar sua atuação: realocar ativos, idealizar novos produtos, buscar novos mercados, investir em projetos mais rentáveis ou até mesmo desinvestir, alocando o capital em outro tipo de negócio.

Mas as empresas situadas em níveis positivos de EVA também devem permanecer alertas. Elas enfrentam o desafio de sustentar, pelo maior período possível, as vantagens competitivas que lhes confere a obtenção de retornos superiores a seu custo de oportunidade. Setores com EVAs positivos tendem a sofrer competição mais acirrada, já que a percepção de maior rentabilidade atrai novos concorrentes ao segmento.

Neste último caso, o lucro econômico gerado é diluído entre um número maior de participantes do mercado. É esse processo dinâmico que conduz tais setores a um retorno à média zero de EVA. Ao longo do tempo, é possível identificar uma migração natural de empresas situadas em níveis positivos de EVA para patamares negativos e vice-versa. Essa movimentação se deve ao contínuo processo de renovação da economia e da sociedade.

Assim, o desafio das empresas pode ser resumido em três pontos principais: 1) O negócio está gerando valor de forma a compensar o capital investido e o risco das atividades? 2) Quais atividades ou produtos estão criando e quais estão destruindo valor? 3) Como a companhia pode adicionar valor e sustentar essa tendência no longo prazo?

Para todas essas questões, o EVA mostra-se como uma poderosa ferramenta para ajudar gestores e sócios a encontrar soluções. O EVA permite racionalizar, tanto em níveis macro como microssegmentados, a gestão das companhias. Isso significa que, além de servir como termômetro para o nível consolidado, também pode ser mensurado para unidades de negócio específicas ou atividades pontuais da empresa.

Entretanto, o mais importante resultado do estudo é que a geração de EVA está diretamente relacionada à percepção do investidor. Em outras palavras, o mercado reconhece e precifica positivamente as companhias que geram lucro econômico. Empresas com EVA positivo são mais bem avaliadas por investidores e apresentam maiores múltiplos de valor de mercado.

Por todas essas razões, o EVA funciona como uma importante ferramenta de gestão, que reflete a geração de valor da companhia e auxilia a tomada de decisão em busca da maximização do valor da empresa.

Fonte: Informativo "Criação de Valor", da Revista Capital Aberto

Nota Blogabilidade:

O conceito de lucro econômico, para Assaf Neto, é o que resta depois de deduzir do resultado o que se deixou de ganhar por não investir em outra(s) alternativa(s) de risco similar. Existe lucro econômico quando o retorno do capital investido na empresa superar o seu custo de oportunidade. Assim temos:

Lucro Econômico = Retorno do Capital Investido - (Custo de Oportunidade - Capital Investido)

Dessa forma, só existirá a criação de valor por parte da empresa quando esta for capaz de remunerar tanto o capital próprio (sócios e acionistas), quanto o capital de terceiros (credores, bancos, etc) e, ainda assim, "sobrar" resultado.

O EVA (Economic Value Added) é o resultado do resultado da companhia deduzido da remuneração do capital próprio e do capital de terceiros, ou seja, é a criação de valor. Se o resultado for positivo, significa dizer que a companhia gerou riqueza, se for negativo, "destruiu" valor.

A medida do EVA pode ser determinada a partir do lucro operacional ou do lucro líquido:

Do Lucro Operacional --> Lucro Operacional (líquido do IR) - Custo Total de Capital (Próprio e de Terceiros) = EVA

Do Lucro Líquido --> Lucro Líquido - Custo do Capital Próprio = EVA

No caso da utilização do método do Lucro Operacional, normalmente utiliza-se a taxa WACC para mensuração do custo médio ponderado de capital de terceiros e próprio. A taxa de retorno do capital de terceiros pode ser obtida da taxa média dos empréstimos e financiamentos, enquanto que a taxa de retorno de capital próprio pode ser identificada pela utilização do método CAPM.

2 comentários:

  1. Eduardo

    Existe na economia o conceito que no longo prazo não existe lucro supranormal. Este lucro é aquele que seria obtido além da remuneração do custo de oportunidade. Ou seja, segundo a economia, não existe EVA no longo prazo.

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  2. Eduardo Varela12/28/2010

    César,

    Novamente, obrigado pelo apontamento.

    Acredito que existem outros conceitos difundidos na Economia que poderiam ser considerados na Contabilidade. Temos o exemplo, também, dos custos fixos. Na teoria econômica, no longo prazo, não existem custos fixos, estes só existem no curto prazo. Isto porque a teoria citada afirma que no longo prazo as empresas podem planejar investimentos em qualquer área ou insumo, tornando todos os custos flexíveis.

    Um exemplo é o gasto com o custo ou despesa fixa de aluguel. No longo prazo, a empresa tem a liberdade de alugar outro prédio ou, até mesmo, de comprar um edifício, eliminando o custo do aluguel.

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