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segunda-feira, 11 de julho de 2011

IFRS: Passado, presente e futuro - Ernst & Young Terco e FIPECAFI

Olá Blogabilistas!

Na sexta-feira (08/07) este blogabilista que vos escreve participou do seminário “IFRS - Passado, presente e futuro”, promovido pela Ernst & Young Terco, em parceria com a FIPECAFI, realizado no Rio de Janeiro. O evento contou com a participação de representantes das principais empresas do país (Petrobras, Vale, Bradesco...) e das entidades normativas (CVM, CPC, APIMEC...). Me senti na obrigação de compartilhar os assuntos tratados neste evento com os leitores do nosso blog, visto a importância do tema.

O evento também serviu de plataforma para o lançamento do estudo realizado pela Ernst & Young Terco e a FIPECAFI sobre a avaliação do impacto do IFRS nas demonstrações financeiras das companhias brasileiras no primeiro ano da transição (2010). Como só nos concederam a versão impressa, não pude disponibilizar o link da publicação neste post, mas acredito que em breve será divulgado no site da E&Y Terco.

A apresentação do seminário foi organizada em três partes: apresentação geral do estudo, visão do analista de mercado e as mudanças futuras do IFRS.

Na primeira parte, o auditor-chefe de IFRS da E&Y Terco, o inglês Paul Sutcliffe, discorreu sobre os resultados do estudo. Para a pesquisa, foram escolhidas as 56 empresas de maior liquidez na Bovespa para a análise das DFs, verificando o impacto em todas as carteiras contábeis: imobilizado, instrumentos financeiros, patrimônio líquido, receitas, provisões, caixa, arrendamentos mercantis, etc.

Na análise do patrimônio líquido, foi verificado que, da amostragem, a WEG, a Klabin e a Redecard tiveram um impacto positivo na adequação ao IFRS, enquanto que nas Lojas Americanas, na Sabesp e na Vivo o impacto foi negativo. Sobre o resultado, a JBS, a CPFL e a LLX se beneficiaram com a transição – a LLX passou de prejuízo para lucro - , e a Gafisa, Klabin e Copel tiveram seus resultados prejudicados. Curioso observar que a Klabin registrou um aumento no PL, apesar da diminuição do resultado, em virtude da avaliação dos ativos biológicos. Outra curiosidade, ainda sobre os ativos biológicos, é que as três principais companhias de celulose (Klabin, Suzano e Fibria) adotaram julgamentos distintos na avaliação destes elementos, o que dificulta a comparabilidade da informação contábil para os investidores e demais usuários. Isto mostra que o desafio agora não é mais a adoção das normas internacionais, e sim a interpretação destas.

Importante destacar que a função da contabilidade mudou com a elaboração das demonstrações financeiras, o Contador passou a ter um papel muito mais estratégico uma vez que a essência vem se sobrepondo a forma.

Um outro desafio para a Contabilidade é a sintetização das DFs. As demonstrações financeiras publicadas no Brasil são muito extensas, algumas até chegando a ter quase 300 páginas. Para comparar, o Paul Sutcliffe utilizou como exemplo as DFs da British Airways, com 65 páginas, enquanto que as DFs das companhias brasileiras (menores que a britânica) chegam a ter mais que o dobro deste número. O objetivo é reduzir as divulgações que não são relevantes.

A segunda parte do seminário foi apresentada pelo vice-presidente da APIMEC/Rio, Marcos Tisser, expondo a visão do analista de mercado sobre a transição às normas internacionais. Um dos pontos-chave foi o aumento da importância da análise das DFs por parte dos usuários. Com a premissa da essência sobre a forma, aumentou-se o poder e a importância dos contadores e, na mesma medida, também aumentou a tarefa do usuário das informações contábeis, pois tem que se levar em conta algo subjetivo como a avaliação dos julgamentos. Passa por isso, também, a preocupação com o earning management x earning manipulation, ou seja, não se deve confundir gestão de resultados com manipulação de resultados, fruto da “contabilidade experimental”.

A convergência é um processo dinâmico e muita coisa ainda deverá ser debatida pelos boards contábeis. Destaca-se:

• Informações off-balance;
• Consolidação proporcional;
• Conceito dívida x capital próprio: ações preferenciais comprometidas;
• Multiplicidade dos demonstrativos financeiros e convergência entre estes.

Uma crítica à nós, contadores brasileiros: ainda somos muito omissos em relação às contribuições às minutas divulgadas antes da publicação de uma norma contábil, fruto de um costume nosso com normas impositivas. De fato, as minutas do IFRS são muito mais debatidas que as minutas propostas pelo CPC.

A terceira e última parte discorreu sobre o programa de projetos a serem discutidos pelo IASB e foi apresentado pelo Paul Sutcliffe. Resumidamente, os principais projetos pendentes são:

• Contabilização dos instrumentos de hedge;
Impairment dos intrumentos financeiros;
• Reconhecimento de receitas;
• Leasing – pelo que já se vem discutindo, a tendência é de que todos os contratos de arrendamento sejam reconhecidos no BP, tanto financeiros como operacionais;
• Contratos de seguro;
• Demonstrações consolidadadas – IFRS 10;
• Joint-ventures - IFRS 11 – é o mais polêmico, pois há divergências entre consolidar empreendimentos ou operações em conjunto linha a linha ou através da equivalência patrimonial.

Terminada a apresentação da terceira parte, foi aberto um espaço para debate. Este blogabilista perguntou sobre a convergência das normas referentes ao impairment de ativos de longa duração, até então respaldadas pela IAS 36 (IFRS) e pelo FAS 144 (US GAAP). As normas do padrão americano apresentam divergências em relação às internacionais, como o uso da projeção de fluxos de caixa não descontados para determinação da necessidade do impairment e a impossibilidade de reversão das perdas por impairment já reconhecidas. Segundo o Paul Sutcliffe, as duas entidades ainda não se pronunciaram sobre a convergência desta norma específica. Ou seja, mudanças virão...inclusive sobre o CPC 01 (opinião minha).

No mais, espero ter repassado os pontos mais relevantes do evento. E lembrem-se: compartilhar conhecimento é a melhor forma de aprender.

Eduardo Varela

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