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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Obrigatoriedade do IFRS está próxima e Itaú diz o que esperar das mudanças

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As novas regras contábeis, baseadas no IRFS (International Financial Reporting Standards), se tornam obrigatórias em janeiro de 2011, logo, as próximas temporadas de balanços serão baseadas nessas novas regras. Apesar das incertezas em relação a isso, muitos podem dizer que nada vai mudar para os preços das ações, pois essas mudanças são apenas formas diferentes de manter um fluxo contábil.

Porém, é preciso saber avaliar qual é o verdadeiro impacto sobre as ações das empresas em decorrência dessa mudança contábil, pois além de alterar os múltiplos de uma companhia, essa mudança deve causar maior volatilidade nos resultados, podendo alterar até o preço das ações. A equipe de análise da corretora do Itaú, Carlos Constantini, Susana Salaru, Rodrigo Corea, Pedro Maia e Cida Souza, avaliou o impacto dessas alterações para cada setor.

Em relação ao procedimento de se montar um relatório contábil, uma das mudanças é em relação ao ágio. Este não será mais amortizado, passando a ficar sujeito a avaliações e reduções anuais, onde for aplicável. A metodologia do cálculo de imposto de renda será mantida, mesmo porque alterações de regras são sujeitas às autoridades da Receita Federal , não sendo vinculadas à adoção do IFRS. A discussão, porém, refere-se ao beneficio fiscal relacionado à amortização de ágio, que oferece dois possíveis cenários: ou o benefício fiscal permanecerá como está; ou não será aplicado a aquisições futuras se as regras mudarem.

O método de contabilidade a valor justo tende a aumentar a volatilidade dos resultados corporativos. Há alguns ítens que terão que passar por essa nova metodologia, como por exemplo, estoques de commodities, terrenos para investimento, ativos biológicos, instrumentos financeiros, benefícios trabalhistas, provisões, opções de ações, reduções e ativos e passivos adquiridos numa fusão.

As mudanças mais específicas estão relacionadas aos resultados não-operacionais, passando a ser registrados sob "outras receitas operacionais", o que certamente afetará o Ebitda (geração operacional de caixa). As provisões para participação nos lucros e bônus serão registradas como "despesas gerais e administrativas".

Os ganhos e perdas cambiais, ao invés de passarem pelos cálculos de ativo e passivo, afetando o lucro da empresa, com a nova regra devem impactar diretamente o patrimônio, na forma de “ganhos e perdas não realizados”. Por fim, o tratamento contábil para concessões públicas permanece incerto. Segundo a corretora, as diferenças começarão a surgir dependendo de como uma empresa paga pelas concessões: à vista ou em prestações, uma vez que neste último caso, um custo financeiro seria associado ao fluxo de pagamentos.

Telecomunicações, Tecnologia e Mídia
De acordo com a análise da corretora, a comparação de margens entre empresas do setor, como Telesp (TLPP4), TIM ( TCSL3, TCSL4) e Totvs (TOTS3) - as empresas já adotaram a nova regra de contabilização - passa a exigir ajustes. Isso porque, apesar da manutenção dos benefícios fiscais, algumas mudanças devem ocorrer. A Totvs apresentou um ajuste significativo na amortização do ágio, que não tem fluxo pelo demonstrativo de resultado. Já a TIM deverá capitalizar os subsídios à venda de aparelhos e amortizá-los conforme a duração dos contratos de seus assinantes.

Serviços Básicos
As distribuidoras de eletricidade devem ser fortemente impactadas pela mudança. Além da expectativa de flutuações para o pagamento de dividendos de um ano para outro, de acordo com a equipe, as variações no ativo regulatório líquido ao longo de 2009 e 2010 devem retornar ao demonstrativo de resultados para esses anos, com isso, o lucro líquido deve se reduzir se a variação foi positiva - com o aumento do ativo líquido - ou se elevar se a variação foi negativa - com movimento oposto.

Na visão do Itaú, as companhias mais favorecidas com a nova regra contábil serão Light (LIGT3), Equatorial (EQTL3) e Eletropaulo (ELPL6), exatamente nessa ordem.

Imobiliárias
As mais impactadas no segmento devem ser as construtoras residenciais, pela polêmica em relação ao reconhecimento de receitas e custos ao longo da execução da obra. Já para empresas de shopping - por enquanto apenas BR Malls (BRML3) implantou o IFRS - o impacto tende a ser menor, já que as maiores mudanças nesse ramo são em relação à distribuição do aluguel fixo e ao registro de ativos fixos, que deve ser feito pelo valor de mercado. Essa última alteração gera efeitos distintos na demonstração de resultados: outras receitas devem compensar a diferença entre ambos os valores e a depreciação deve se reduzir, o que diminui a diferença entre lucros e geração de fluxo de caixa.

Operadoras de estrada
Como os tratamentos contábeis usados pelas empresas são diferentes para concessões púbicas, a comparação de margem Ebitda exige ajustes. Segundo a corretora, tudo mais constante, o método da Ecorodovias (ECOR3) e da OHL (OHLB3) permite margens maiores.

Financeiro
"Não esperamos grandes mudanças de valuation no setor Financeiro, já que os dividendos continuarão sendo pagos com base em dados financeiros individuais, que continuarão seguindo as regras do Banco Central", afirmou a equipe do Itaú. O diferencial entre as empresas deve ser o tratamento do ágio. O Santander (SANB11) já está apresentando números diferentes para cada forma de contabilização.

Agronegócio
Para o setor, a maior mudança está na contabilidade de ativos biológicos. Diferenças maiores entre preço de mercado e custo histórico levam a mudanças maiores no preço-alvo desses ativos. Assim, se houver uma tendência de alta para os preços de mercado do ativo biológico, a mudança no valor dos demonstrativos de resultados deverá ser positiva.

Petróleo e Gás
A Comgas (CGAS5) foi a empresas mais impactada pelas alterações frente aos seus pares. Isso porque a contabilidade dos investimentos em capital não-relativos a ativos regulatórios deve ser incluída na receita e no custo e receita com construção. Outro ponto foi a adoção de preços correntes para custos do gás e a exclusão da conta corrente regulatória do Balanço Patrimonial.

Embora as demais empresas do setor tenham um impacto relativamente insignificante frente às mudanças, a Petrobras (PETR3, PETR4) deve ser beneficiada pela mudança na capitalização dos juros da dívida, permitindo maior capitalização dos juros e, logo, reduzindo despesas de curto prazo com juros.

Commodities
Mineradoras não devem sofrer grandes impactos decorrentes da nova regulamentação contábil. Vale lembrar que no setor de siderurgia, Usiminas (USIM3, USIM5) e Gerdau (GGBR4) já adotaram essa metodologia. Já para empresas ligadas a papel e celulose, o efeito positivo no lucro líquido, impulsionado pela apreciação dos ativos biológicos, deve ser neutralizado pela maior degeneração dos mesmos.

Consumo
Praticamente todas as empresas do setor já divulgaram resultados com base no IFRS, de modo que não deve haver grandes impactos nas próximas demonstrações. As mudanças focam no tratamento físico do ágio, nos resultados não operacionais, nas provisões para participação nos lucros e bônus, nos ajustes de valor presente para recebíveis em cartões de crédito e na tradução de ganhos ou perdas nos investimentos estrangeiros devido a flutuações cambiais.

A empresa mais afetada nesse sentido deve ser a Hypermarcas (HYPE3).

Saúde e Educação
"Não há ganhadores ou perdedores óbvios nesses setores. A maioria das empresas que cobrimos já divulga resultados de acordo com as novas regras. Aquelas que ainda estão totalmente adaptadas ao IFRS não informaram impacto significativo na nova contabilidade no ano que vem" , concluiu a equipe.

Fonte: Comunidade Info Money

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